Por três mortes em chacina, mecânico é condenado a quase 50 anos de prisão
Sessão realizada ontem durou quase nove horas e terminou no final da tarde
Foram quase nove horas de debates - a maioria delas recheadas de
troca de provocações entre acusação e defesa -, até que o mecânico
Giovanni dos Santos Caetano, 31, mais conhecido como Gegê, ouvisse a sua
sentença: 49 anos e onze meses de prisão em regime fechado pela
participação em três dos cinco brutais assassinatos na chacina que ficou
conhecida como ‘Caso Kubanacan’, ocorrida em 2005.
“Como o caso gerou muita repercussão, os jurados já vieram
pré-dispostos a condená-lo e o fizeram, indo contra as provas que
constam nos autos. Vou recorrer ao TJ (Tribunal de Justiça de São Paulo)
e tentar anular este julgamento. Além disso, na minha opinião, a pena
foi exagerada”, afirmou o advogado Luis Eduardo Queiroz Barreto de
Amorim, responsável pela defesa do mecânico.
Giovanni pegou 16 anos e três meses por cada um dos homicídios -
todas as qualificadoras foram acatadas pelo corpo de jurados, formado
exclusivamente por homens - e mais um ano e dois meses por formação de
quadrilha. Na dosagem da pena pesou ainda contra ele uma condenação em
transitado em julgado por um homicídio ocorrido em 1999. Por este crime,
ele foi sentenciado a 12 anos de cadeia.
Preso preventivamente desde a época do crime, o mecânico teve negado
direito de recorrer em liberdade. Ao final da sessão, ele foi abraçado
pelos pais, que acompanharam o julgamento, e retornou para a
Penitenciária de Mirandópolis.
A sessão de ontem também foi marcada pelo cerceamento da imprensa.
Minutos antes do início dos depoimentos, a promotora Cristiane de Moraes
Ribeiro Sampaio Carvalhaes Camargo solicitou ao juiz Rafael Rauch, que
presidia o julgamento, que não autorizasse a realização de fotos e
filmagens do júri para preservação da integridade física do réu,
testemunhas e jurados.
Após novos pedidos da reportagem do Jornal Diário e colegas jornalistas, o magistrado autorizou durante a leitura da sentença.
O JULGAMENTO
Desde o primeiro momento, a defesa tentou convencer os jurados de que
Giovanni havia sido confundido com outro criminoso, de alcunha Gê. O
próprio réu, em seu depoimento inicial, se disse perseguido pelo então
delegado da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) e hoje seccional de
Ourinhos, José Carlos Costa.
“(O julgamento dele hoje) é resultado de uma investigação porca,
tendenciosa, baseada no relato de uma testemunha que afirmou ter usado
muita cocaína na noite de um dos crimes”, disse o defensor durante a
tréplica, seguindo a linha de seu cliente.
Barreto de Amorim também foi duro quanto a alegação de que Giovanni é
membro do PCC (Primeiro Comando da Capital) e que teria agido em
conluio com outros integrantes da facção. “Ele nega veementemente e não
há nenhum documento que comprove esta acusação. Cadê o estatuto do
‘partido’?”, questionou o defensor.
+ informações
.
A representante do Ministério Público, por sua vez, rebateu os
argumentos do advogado. “Dizer que ele (Giovanni) foi indiciado por
sofrer perseguição do delegado não tem cabimento algum. Tanto não tem
fundamento que o delegado responsável por este caso foi promovido”. Por
fim, Cristiane pediu a condenação por todos os crimes, o que acabou
acontecendo.
(Wagner Aith)
Sentenças somam mais de 150 anos
Ao todo, 12 pessoas foram indiciadas na chacina, que foi motivada
pela disputa do tráfico de drogas entre facções criminosas. O mecânico
foi o quarto réu do processo a enfrentar o Tribunal do Júri. Amanhã,
Reumar Aurélio da Silva, 31, também sentará no banco dos réus pelas
mesmas três mortes da qual Giovanni foi condenado.
Até agora, Paolo Graziane Rodrigues Verga, 25, pegou 52 anos de
prisão pela participação nos cinco homicídios. O agropecuarista Rodrigo
Fernando Silva, 31, foi condenado a 43 anos de cadeia pelas mesmas três
mortes que Giovanni. Já o cabeleireiro José Mário Ferreira, 39, foi
absolvido por negativa de autoria. As provas contra os demais foram
insuficientes para levá-los a julgamento.
Na chacina foram mortos o casal de namorados Alexandre Paulino de
Souza, 24, e Bárbara Luiza Reis de Siqueira, 22, o traficante Antônio
Carlos de Oliveira, de 27 anos, o Chico Tatuagem, e os amigos Marcos
Roberto Carneiro e Eduardo Gonçalves da Silva. (W.A.)
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Por três mortes em chacina, mecânico é condenado a quase 50 anos de prisão
Sessão realizada ontem durou quase nove horas e terminou no final da tarde
Foram quase nove horas de debates - a maioria delas recheadas de troca de provocações entre acusação e defesa -, até que o mecânico Giovanni dos Santos Caetano, 31, mais conhecido como Gegê, ouvisse a sua sentença: 49 anos e onze meses de prisão em regime fechado pela participação em três dos cinco brutais assassinatos na chacina que ficou conhecida como ‘Caso Kubanacan’, ocorrida em 2005.
“Como o caso gerou muita repercussão, os jurados já vieram pré-dispostos a condená-lo e o fizeram, indo contra as provas que constam nos autos. Vou recorrer ao TJ (Tribunal de Justiça de São Paulo) e tentar anular este julgamento. Além disso, na minha opinião, a pena foi exagerada”, afirmou o advogado Luis Eduardo Queiroz Barreto de Amorim, responsável pela defesa do mecânico.
Giovanni pegou 16 anos e três meses por cada um dos homicídios - todas as qualificadoras foram acatadas pelo corpo de jurados, formado exclusivamente por homens - e mais um ano e dois meses por formação de quadrilha. Na dosagem da pena pesou ainda contra ele uma condenação em transitado em julgado por um homicídio ocorrido em 1999. Por este crime, ele foi sentenciado a 12 anos de cadeia.
Preso preventivamente desde a época do crime, o mecânico teve negado direito de recorrer em liberdade. Ao final da sessão, ele foi abraçado pelos pais, que acompanharam o julgamento, e retornou para a Penitenciária de Mirandópolis.
A sessão de ontem também foi marcada pelo cerceamento da imprensa. Minutos antes do início dos depoimentos, a promotora Cristiane de Moraes Ribeiro Sampaio Carvalhaes Camargo solicitou ao juiz Rafael Rauch, que presidia o julgamento, que não autorizasse a realização de fotos e filmagens do júri para preservação da integridade física do réu, testemunhas e jurados.
Após novos pedidos da reportagem do Jornal Diário e colegas jornalistas, o magistrado autorizou durante a leitura da sentença.
O JULGAMENTO
Desde o primeiro momento, a defesa tentou convencer os jurados de que Giovanni havia sido confundido com outro criminoso, de alcunha Gê. O próprio réu, em seu depoimento inicial, se disse perseguido pelo então delegado da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) e hoje seccional de Ourinhos, José Carlos Costa.
“(O julgamento dele hoje) é resultado de uma investigação porca, tendenciosa, baseada no relato de uma testemunha que afirmou ter usado muita cocaína na noite de um dos crimes”, disse o defensor durante a tréplica, seguindo a linha de seu cliente.
Barreto de Amorim também foi duro quanto a alegação de que Giovanni é membro do PCC (Primeiro Comando da Capital) e que teria agido em conluio com outros integrantes da facção. “Ele nega veementemente e não há nenhum documento que comprove esta acusação. Cadê o estatuto do ‘partido’?”, questionou o defensor.
.
A representante do Ministério Público, por sua vez, rebateu os argumentos do advogado. “Dizer que ele (Giovanni) foi indiciado por sofrer perseguição do delegado não tem cabimento algum. Tanto não tem fundamento que o delegado responsável por este caso foi promovido”. Por fim, Cristiane pediu a condenação por todos os crimes, o que acabou acontecendo.
(Wagner Aith)
Sentenças somam mais de 150 anos
Ao todo, 12 pessoas foram indiciadas na chacina, que foi motivada pela disputa do tráfico de drogas entre facções criminosas. O mecânico foi o quarto réu do processo a enfrentar o Tribunal do Júri. Amanhã, Reumar Aurélio da Silva, 31, também sentará no banco dos réus pelas mesmas três mortes da qual Giovanni foi condenado.
Até agora, Paolo Graziane Rodrigues Verga, 25, pegou 52 anos de prisão pela participação nos cinco homicídios. O agropecuarista Rodrigo Fernando Silva, 31, foi condenado a 43 anos de cadeia pelas mesmas três mortes que Giovanni. Já o cabeleireiro José Mário Ferreira, 39, foi absolvido por negativa de autoria. As provas contra os demais foram insuficientes para levá-los a julgamento.
Na chacina foram mortos o casal de namorados Alexandre Paulino de Souza, 24, e Bárbara Luiza Reis de Siqueira, 22, o traficante Antônio Carlos de Oliveira, de 27 anos, o Chico Tatuagem, e os amigos Marcos Roberto Carneiro e Eduardo Gonçalves da Silva. (W.A.)
Foram quase nove horas de debates - a maioria delas recheadas de troca de provocações entre acusação e defesa -, até que o mecânico Giovanni dos Santos Caetano, 31, mais conhecido como Gegê, ouvisse a sua sentença: 49 anos e onze meses de prisão em regime fechado pela participação em três dos cinco brutais assassinatos na chacina que ficou conhecida como ‘Caso Kubanacan’, ocorrida em 2005.
“Como o caso gerou muita repercussão, os jurados já vieram pré-dispostos a condená-lo e o fizeram, indo contra as provas que constam nos autos. Vou recorrer ao TJ (Tribunal de Justiça de São Paulo) e tentar anular este julgamento. Além disso, na minha opinião, a pena foi exagerada”, afirmou o advogado Luis Eduardo Queiroz Barreto de Amorim, responsável pela defesa do mecânico.
Giovanni pegou 16 anos e três meses por cada um dos homicídios - todas as qualificadoras foram acatadas pelo corpo de jurados, formado exclusivamente por homens - e mais um ano e dois meses por formação de quadrilha. Na dosagem da pena pesou ainda contra ele uma condenação em transitado em julgado por um homicídio ocorrido em 1999. Por este crime, ele foi sentenciado a 12 anos de cadeia.
Preso preventivamente desde a época do crime, o mecânico teve negado direito de recorrer em liberdade. Ao final da sessão, ele foi abraçado pelos pais, que acompanharam o julgamento, e retornou para a Penitenciária de Mirandópolis.
A sessão de ontem também foi marcada pelo cerceamento da imprensa. Minutos antes do início dos depoimentos, a promotora Cristiane de Moraes Ribeiro Sampaio Carvalhaes Camargo solicitou ao juiz Rafael Rauch, que presidia o julgamento, que não autorizasse a realização de fotos e filmagens do júri para preservação da integridade física do réu, testemunhas e jurados.
Após novos pedidos da reportagem do Jornal Diário e colegas jornalistas, o magistrado autorizou durante a leitura da sentença.
O JULGAMENTO
Desde o primeiro momento, a defesa tentou convencer os jurados de que Giovanni havia sido confundido com outro criminoso, de alcunha Gê. O próprio réu, em seu depoimento inicial, se disse perseguido pelo então delegado da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) e hoje seccional de Ourinhos, José Carlos Costa.
“(O julgamento dele hoje) é resultado de uma investigação porca, tendenciosa, baseada no relato de uma testemunha que afirmou ter usado muita cocaína na noite de um dos crimes”, disse o defensor durante a tréplica, seguindo a linha de seu cliente.
Barreto de Amorim também foi duro quanto a alegação de que Giovanni é membro do PCC (Primeiro Comando da Capital) e que teria agido em conluio com outros integrantes da facção. “Ele nega veementemente e não há nenhum documento que comprove esta acusação. Cadê o estatuto do ‘partido’?”, questionou o defensor.
+ informações
A representante do Ministério Público, por sua vez, rebateu os argumentos do advogado. “Dizer que ele (Giovanni) foi indiciado por sofrer perseguição do delegado não tem cabimento algum. Tanto não tem fundamento que o delegado responsável por este caso foi promovido”. Por fim, Cristiane pediu a condenação por todos os crimes, o que acabou acontecendo.
(Wagner Aith)
Sentenças somam mais de 150 anos
Ao todo, 12 pessoas foram indiciadas na chacina, que foi motivada pela disputa do tráfico de drogas entre facções criminosas. O mecânico foi o quarto réu do processo a enfrentar o Tribunal do Júri. Amanhã, Reumar Aurélio da Silva, 31, também sentará no banco dos réus pelas mesmas três mortes da qual Giovanni foi condenado.
Até agora, Paolo Graziane Rodrigues Verga, 25, pegou 52 anos de prisão pela participação nos cinco homicídios. O agropecuarista Rodrigo Fernando Silva, 31, foi condenado a 43 anos de cadeia pelas mesmas três mortes que Giovanni. Já o cabeleireiro José Mário Ferreira, 39, foi absolvido por negativa de autoria. As provas contra os demais foram insuficientes para levá-los a julgamento.
Na chacina foram mortos o casal de namorados Alexandre Paulino de Souza, 24, e Bárbara Luiza Reis de Siqueira, 22, o traficante Antônio Carlos de Oliveira, de 27 anos, o Chico Tatuagem, e os amigos Marcos Roberto Carneiro e Eduardo Gonçalves da Silva. (W.A.)
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