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Postado em 15/12/2013 às 01:00

Metade das queixas que chegam ao Cejusc termina em conciliação

Categoria: Geral

CONCILIAÇÃO- Glória ressalta o diferencial de atendimento no Cejusc - Ricardo Prado
O Diário deste domingo tem como entrevistada a responsável pelo Cejusc (Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania), Glória Regina Dall Evedove, 52.
Formada em psicologia, direito e pós-graduada em penal e processo penal, além de mestrado em direito empresarial, Glória está à frente do Cejusc desde a inauguração, em 17 de dezembro de 2012. Ela já atua há 35 anos no Tribunal de Justiça. Natural de Marília, Glória também é formada mediadora pela Escola Paulista de Magistratura.
A responsável destaca o primeiro ano de atuação do Centro em Marília e comenta sobre a conscientização da sociedade sobre a importância da conciliação.
Glória explica como funcionam as audiências e maneira do contribuinte buscar auxílio do Centro.
A responsável também comenta sobre os planos de expansão nos atendimentos do Cejusc, além de falar da parceria com a prefeitura e Unimar (Universidade de Marília) para execução dos trabalhos.

Qual o papel desempenhado pelo Cejusc no Judiciário?
O Cejusc foi criado pela Resolução 125  do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em 2010. É uma nova visão e paradigma da pacificação social, ou seja, é um formato diferenciado da justiça para que as pessoas tenham o poder de resolver os seus próprios problemas e não necessitem colocar nas mãos de um terceiro. O Judiciário está lotado, uma ação tem longa duração e o Cejusc veio para agilizar este processo, fazer com que as pessoas sentem em uma mesa de negociação e elas decidam o que for melhor, deixando para o Judiciário aquelas questões mais complexas.
Desta forma o Cejusc veio atender uma classe social que se sente descontente com a justiça.

Quantos atendimentos e audiências realizadas ao longo do ano?
Até meados de novembro tivemos 3.195 reclamações das quais foram realizadas 2.600 audiências  com 1.500 acordos, mais de 50% de ações frutíferas.
Todas as reclamações se transformam em audiência e temos um prazo de 30 dias para agendamento. A partir do momento que o interessado fez a reclamação, nós enviamos uma correspondência para outra parte, às vezes só o fato do recebimento da correspondência já gera o contato entre os envolvidos e desta forma é efetuado o acordo. Por exemplo, o mutirão de renegociação de dívidas de contribuintes com a prefeitura e  CDHU, muitos convocados já foram automaticamente junto a estes órgãos para fazer o acordo administrativo. Assim estas pessoas desistem da reclamação e a mesma é arquivada. A diferença é que com o acordo administrativo não há título judicial. A partir do momento que ele faz o acordo no Cejusc há emissão deste documento em que se a parte não cumprir poderá ser executado, não é necessário entrar com nova ação.

Como e em que casos o cidadão pode recorrer ao Cejusc?
Todos os casos com exceção, por enquanto, das áreas Criminal, Previdenciária e Justiça Federal. As outras demandas como civil, família, patrimônio, guarda, divórcio, acidente de trânsito, briga de vizinhos, ações contra órgãos públicos e qualquer empresa nós podemos ingressar no Cejusc.
O Centro também é importante, pois não há previsão da lei 9.099 que estipula até 20 ou 40 salários mínimos. Então uma empresa limitada pode cobrar outra empresa limitada e assim por diante o que normalmente no Juizado Especial Civil não ocorre, pois existe o limite.
O interessado em ingressar com a ação pode comparecer no Cejusc, das 9h às 12h e das 13h às 17h, trazer toda a documentação, principalmente o comprovante de endereço da outra parte. No caso de compras em site, a pessoa deve trazer o CNPJ e o endereço eletrônico.

Quantos acordos registrados no decorrer de 2013?
Foram 1.500 no pré-processual, fora o pós-processual que são os casos em andamento. Marília é uma das únicas, além de ser a pioneira e centro de referência no ingresso de acordos nos processos em andamento. Desta forma os juízes nos encaminham os processos para uma tentativa de conciliação e mediação. Nos últimos meses outros municípios começaram a aderir neste modelo.
Com o acordo a pessoa já sai com título executivo, mas se processo estiver em andamento, o mesmo será extinto e o acordo homologado. Com isso é um processo a menos no Judiciário, e o magistrado pode se preocupar com causas que demandam mais estudos.

Quais são as principais demandas e motivos?
São mais casos de família, pois o que leva a questão dos divórcios é o superendividamento, pois enquanto você tem boas condições financeiras também possui amigos e família bem constituída, pois tem a possibilidade de oferecer uma qualidade de vida para sua mulher e filhos. A partir do momento em que a pessoa perde o emprego ou então o padrão de vida cai, acaba o dinheiro e desta forma vêm as dívidas e automaticamente isto gera estresse emocional, a estafa, depressão, alcoolismo, uso de drogas e tudo isto desemboca na destruição da família.
No Cejusc o divórcio é bastante rápido. A pessoa deve trazer os documentos pessoais, certidão de casamento e comprovante de residência e nós providenciamos o divórcio e encaminhamos aos cartórios de registro civil para averbação, desta forma os envolvidos já saem daqui separados. Em caso de pensão alimentícia expedimos um ofício para a própria empresa ou próprio termo serve para desconto junto ao trabalho da pessoa.

Qual o diferencial de atendimento no Cejusc?
Na verdade o Cejusc é um diferencial por conta da estrutura física, por isso não montamos junto ao Fórum para sair daquele padrão de briga e litígio e termos um local mais ameno. Aqui o sigilo é respeitado, os conciliadores são preparados e capacitados para isso. Anualmente eles têm uma meta, a qual deve ser cumprida com cursos de capacitação e estudos para este tipo de negociação.
O Cejusc veio abrir para evitar casos como, por exemplo, muitos dizem ser mal atendidos no Judiciário, mas isso não ocorre porque o funcionário está de mau humor, mas a pessoa não recebe as orientações, pois neste âmbito ela precisa de um advogado para representá-lo. No Cejusc isto não ocorre, pois a parte pode fazer a reclamação e é marcada a audiência de conciliação, se ela preferir vir acompanhada de advogado é permitido, mas não há necessidade.
Existe um convênio entre Defensoria Pública e Tribunal de Justiça para que a partir do próximo ano tenhamos advogados plantonistas que vão auxiliar as partes em casos em que um dos envolvidos vem com advogado e outro não, para que desta forma haja igualdade. O objetivo é a pacificação social e para que cada um observe o que é melhor dentro do planejamento familiar e o mais importante sem a discussão do mérito da culpa. Em muitos casos, por exemplo, de acidentes de trânsito, a pessoa não quer receber o valor gasto no veículo, mas sim um pedido de desculpas. Nós também temos este lado social da cidadania.
O Cejusc orienta ainda as pessoas a se dirigirem aos órgãos correspondentes. Temos o setor de psicanálise e psicologia em que encaminhamos os casais, também divulgamos a Univem para resolução de questões trabalhistas. Além de encaminharmos alguns casos de competência da prefeitura, Hospital das Clínicas, Procon e Ciretran.

Qual o benefício do Cejusc para a população e para o judiciário?
Eu acredito que seja benéfico para a população quando ela realmente quer resolver o seu conflito e não deseja depender de uma terceira ou quarta pessoa para interceder. Então quando o interessado vem aqui com a consciência de que errou ou tem a receber, pagar, mas pode fazer da seguinte forma, é favorável. Por isso quando as pessoas vêm com o espírito de fazer uma negociação, é ótimo, mas se chega com o pensamento de briga é melhor ele ir para o Judiciário. Lá o juiz vai analisar o caso por meio das provas frias. Aqui os atendidos têm a oportunidade de conversar e esclarecer certas dúvidas que na hora da raiva e tumulto não ocorre, mas passado um período elas sentam e têm oportunidade de conversar pacificamente.
Para o Judiciário também é bom porque são quase três mil processos que deixaram de ingressar na justiça. Para se ter uma ideia um processo custa ao judiciário em torno de R$ 1,2 mil e isto sai do bolso do Estado e do nosso bolso com os impostos, com isso temos uma economia.  
Aqui temos a vantagem de não ter nenhum custo, por enquanto os conciliadores trabalham voluntariamente, nós temos a parceria com a prefeitura que nos forneceu os funcionários e todo o equipamento, além do convênio com a Unimar que nos cedeu o espaço, além disso, temos apoio do Cartório Postal e vários outros colaboradores para a manutenção do Centro, já que não sai nenhum tipo de verba do Judiciário para este fim.  

Qual a agilidade na conclusão do processo no Cejusc em relação aos meios tradicionais do Judiciário?
Aqui no Cejusc o prazo é de 30 dias, no Judiciário poderia durar de 30 dias até 20 anos dependendo de cada caso.

Quantos mutirões promovidos durante o ano, quais os temas?
Promovemos quatro mutirões da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional de Urbano), dois do EAD (Educação a Distância), mutirão para a renegociação de dívidas de contribuintes junto a prefeitura, Emdurb (Empresa de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de Marília) e quatro de banco. Este banco ficou extremamente feliz com os resultados e temos a procura de outras bandeiras para realizar novos mutirões. Na semana passada tivemos a Semana da Conciliação que envolveu diversos assuntos. Agora pleiteamos com a prefeitura o mutirão do Daem (Departamento de Água e Esgoto de Marília), além de um procurador do município plantonista que compareça uma vez na semana para fazer o atendimento à população.
Quando o Cejusc foi inaugurado há um ano, eu mencionei que o espaço estaria pequeno e hoje realmente isto ocorreu, porque graças ao trabalho da nossa equipe e ajuda da mídia para conscientização das pessoas, o Centro do município serve como modelo para a região. Por isso encerramos este ano de uma forma muito positiva e feliz. Atualmente o Cejusc já conquistou uma credibilidade, isto é um fator importante.

Acredita que as pessoas estão mais conscientes sobre a importância da conciliação?
 Sim, pois uma demanda judicial além de custar caro demora muito tempo, então temos de parar com aquele velho jargão de que é melhor um mau acordo do que uma boa demanda, mas sim focar na ideia de que é melhor um acordo fácil de ser cumprido e que se encaixe dentro do padrão de cada pessoa. Isto porque atualmente a economia do Brasil não é estável, então se a pessoa não tiver a possibilidade de fazer um acordo que atenda as suas necessidades e da outra parte fica complicado.

Quantos funcionários atuam no Cejusc? É suficiente? Como é realizada a capacitação?
São três funcionários do Judiciário, três da prefeitura, oito estagiários da psicologia e dois estagiários do direito da Unimar. Também estamos abertos para firmar parcerias com outras universidades. Alunos do Univem, por exemplo, assistem as audiências de conciliação.
São 38 mediadores e conciliadores formados pela Escola Paulista de Magistratura, nos últimos dias formou-se outra turma que vai fazer o estágio probatório de observação e mediações com outros funcionários já capacitados. Por enquanto eles não recebem nada, mas existe um projeto votado para o pagamento desta classe.
O número de funcionários não é suficiente, o que tem nos ajudado muito são os estagiários, além de ser um laboratório de aprendizado, pesquisa e forma de lidar com o problema das pessoas, eles nos ajudam com a parte administrativa, é uma troca.
Para ser suficiente eu precisaria de pelo menos uns seis funcionários pelo Judiciário.
Todos os contratados do Cejusc fazem o curso de conciliação e mediação.

Como a comunidade tem avaliado o trabalho do Cejusc?
Nós temos uma pesquisa obrigatória que fica pronta no próximo ano, mas o que percebemos é um nível de satisfação muito bom, principalmente por não ser aquele cenário seco do judiciário e sim um ambiente mais humanizado.  
Isto tende a aumentar, pois vamos passar a receber os processos de julgamento em segunda instância, a partir de 2014 e temos também o projeto para iniciar as conciliações de questões urbanísticas e ambientais.

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Protesto de taxistas dificulta trânsito perto do aeroporto de Congonhas, em SP

Do UOL, em São Paulo
Uma carreata realizada por taxistas dificultava o trânsito na região do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, na manhã desta segunda-feira (16).
Cerca de 130 taxistas participam do ato, segundo a Polícia Militar. Às 10h20, o grupo estava no corredor Norte-Sul, nas imediações do viaduto João Julião da Costa Aguiar, perto do aeroporto.
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), às 10h, o corredor registrava 8,6 km de lentidão no sentido aeroporto, no trecho entre a praça da Bandeira até o viaduto. A companhia recomenda que os motoristas evitem trafegar pela região.
Os taxistas saíram mais cedo do estádio do Pacaembu, na zona oeste da capital, passaram pela avenida Doutor Arnaldo, percorreram a avenida Paulista, na região central, e depois seguiram pela avenida 23 de Maio.
Após passar pela região de Congonhas, os taxistas pretendem ir em direção à sede da Prefeitura de São Paulo, no centro da cidade, segundo informações da rádio CBN.
O grupo é ligado ao Movimento Independente dos Taxistas e protesta contra a intenção da prefeitura de proibir o trânsito de táxis pelos corredores e faixas exclusivas de ônibus.  
Nesta terça-feira (17), o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, deve se encontrar com o promotor de Habitação e Urbanismo Maurício Ribeiro Lopes para discutir o futuro dos táxis nos corredores de ônibus. 
 
Um estudo encomendado pela promotoria à Prefeitura e divulgado na semana passada revela que esses veículos atrapalham o deslocamento dos coletivos nos corredores, que ficam à esquerda da pista. Já nas faixas exclusivas, situadas à direita, os taxistas nunca puderam utilizar, desde que foram lançadas pela prefeitura. (Com Estadão Conteúdo)
 
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5.dez.2013 - Após dia de sol forte e calor intenso, chuva atinge capital paulista nesta quinta-feira (5). A imagem foi feita na avenida Brigadeiro Faria Lima, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. O trânsito era intenso na via no começo da noite Bárbara Paludeti/UOL