sábado, 6 de abril de 2013

Santa Casa suspende mil procedimentos em protesto por reajuste na Tabela SUS

Além da paralisação, a segunda-feira será marcada por um ato público na Câmara Municipal

MOBILIZAÇÃO - Entidade participa de movimento nacional pelo reajuste dos repasses do SUS - Foto: Arquivo

A Santa Casa da Misericórdia suspende mil atendimentos eletivos (agendados) nessa segunda-feira (8). Serão atendidos pelo SUS apenas casos de urgência e emergência ou críticos, como hemodiálise, oncologia e cardiologia. De acordo com o hospital, os pacientes com consultas médicas, sessões de terapias nos ambulatórios de especialidades, exames por imagem e análises clínicas marcadas para esta segunda-feira foram comunicados sobre o adiamento.
A mobilização é coordenada nacionalmente pela CMB (Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas), em parceria com a Frente Parlamentar Federal de Apoio às Santas Casas e Hospitais Filantrópicos e as Federações e Frentes Parlamentares Estaduais.
A campanha foi desencadeada para denunciar a falta de correção da tabela de procedimentos, que tem gerado subfinanciamento e deficit nos hospitais.
Para o provedor da Santa Casa, Milton Tédde, e diretor administrativo-financeiro da Fehosp (Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo), a mobilização é o único caminho para corrigir uma distorção que tem ameaçado a sobrevivência dos filantrópicos. “Infelizmente, o governo federal não tem se mostrado sensível ao subfinanciamento. A conta não fecha: o SUS repassa valores abaixo do custo e essa situação não pode persistir”, diz Tédde.
As quatro instituições filantrópicas e sem fins lucrativos de Marília, Santa Casa, Hospital Universitário, Maternidade Gota de Lei e HEM (Hospital Espírita de Marília), prestadoras de serviços ao SUS (Sistema Único de Saúde), também se uniram na mobilização “Tabela SUS; Reajuste Já”.
Por isso, além da paralisação, a segunda-feira será marcada por um ato público na Câmara Municipal, durante a sessão, com a presença de autoridades, administradores hospitalares e voluntários das quatro entidades.
De acordo com os dados oficiais do Ministério da Saúde, juntos, os quatro hospitais marilienses realizaram 770.057 atendimentos ambulatoriais em 2012. Somente na Santa Casa foram 438.384 procedimentos. Os filantrópicos registraram 11.060 internações, uma média de 922 pacientes por mês.
O problema de defasagem é comum a todas as instituições filantrópicas e prestadores sem fins lucrativos. A Associação Maternidade Gota de Leite, por exemplo, destina mais de 93% do seu atendimento às usuárias da rede pública. De acordo com a presidente, Virgínia Balloni, o Ministério paga R$ 267,60 por um parto normal e R$ 395,68 por uma cesárea; um médico recebe, respectivamente, R$ 146,50 e R$ 136,08, em cada procedimento.
Voluntária há 25 anos na organização, Virgínia frisa a importância da mobilização. “As dificuldades são imensas para mantermos a qualidade do atendimento às parturientes e já passou da hora do Ministério da Saúde se sensibilizar e corrigir a tabela SUS”, finalizou a administradora, que também é presidente do Comus (Conselho Municipal de Saúde).
O deficit também tem ameaçado as contas do HEM. Segundo o Controlador da instituição, Bruno Armentano, a unidade tem recebido valores insuficientes para o custeio, apesar disso se mantém como a principal referência para internações, na especialidade de psiquiatria. “Oferecemos leitos para as urgências encaminhadas pelo HC (Hospital das Clínicas de Marília). O papel da nossa entidade é de extrema importância, apesar disso recebemos R$ 38 por diária de internação. Esse valor é para pagar médicos, equipe de enfermagem, medicamentos, alimentação e as despesas gerais de manutenção. Se não fosse a colaboração da sociedade, não haveria mais HEM”, reforça o diretor.
A ABHU (Associação Beneficente Hospital Universitário), entidade mantida pela Unimar (Universidade de Marília), também sofre com os baixos valores repassados. “Somos impactados por essa distorção. É uma causa não apenas das Santas Casas, mas de todos que mantém contratos com o SUS e estão subfinanciados”, disse a diretora, Márcia Mesquita Serva.




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