Postado em 07/10/2015 às 14:36
Polícia Federal acompanha desocupação da Coopemar
Diligência de inventário começou às 8h com a presença de oficiais de justiça e diretoria da cooperativa
Polícia Federal acompanha desocupação da Coopemar - Alexandre de Souza
FABIELE FORTALEZA
Na manhã desta quarta-feira (7) oficiais de justiça junto com a
Polícia Federal deram início à diligência de inventário, arrecadação e
depósito dos bens móveis da Coopemar. A desocupação do prédio da
cooperativa começou na manhã de ontem (6). Todos os móveis, documentos e
produtos de venda estão sendo levados para um posto de combustível, ao
lado do prédio que a cooperativa ocupava. O acesso à Coopemar é
permitido, com ordem judicial, apenas aos funcionários da cooperativa e
às empresas que fazem o carregamento do café.
Segundo a assessoria de imprensa da Justiça Federal de São Paulo, a
presença dos policiais federais no local é um procedimento de praxe. De
acordo com os autos do processo, durante o procedimento de inventário e
arrecadação judicial, os oficiais de justiça são responsáveis por adotar
medidas necessárias à correta identificação, individualização e
quantificação de todos os bens móveis existentes no local,
principalmente com os documentos arrecadados.
Segundo alguns funcionários da Coopemar, os trabalhos continuam a ser
realizados normalmente. A cooperativa não comunicou, até o momento, se
haverá ou não demissões.
A reportagem do Diário tentou contato com a diretoria da cooperativa,
mas ninguém quis se pronunciar. Representantes da Avant Administração
Ltda, empresa que comprou o prédio da Coopemar, também não foram
localizados.
A diligência começou às 8h desta quarta-feira (7), mas não se sabe quantos dias o procedimento pode durar.
O CASO
O prédio da Coopemar foi arrematado em abril de 2013 pela empresa
Avant Administração Ltda, de Marília, por R$ 7,5 milhões. A avaliação
inicial das propriedades era de R$ 12,5 milhões. Os bens da cooperativa,
dispostos em uma área total de 67.915,12 m², foram hipotecados como
garantia por conta de uma dívida que a Coopemar mantinha com o Banco do
Brasil e Banco Bradesco, além de débitos trabalhistas junto ao INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social). Na época, o débito era de R$ 2,8
milhões.
Ao longo dos últimos dois anos, a cooperativa recorreu à Justiça, por
diversas vezes, para permanecer no imóvel. No entanto, no dia 29 de
setembro, a Justiça Federal ordenou que a Cooperativa desocupasse, em um
prazo de cinco dias, o local.
De acordo com os autos do processo, a área deveria ter sido utilizada
somente para abrigar os bens da Cooperativa. Mas outras três empresas
usufruíam da área.
“A informação constante nas aludidas certidões de que houve a
permissão para que outras três empresas, atuassem no imóvel guarnecendo
bens e documentos, situação que pode ter caracterizado depósito infiel,
com as consequências pertinentes”, informa o processo.
O COMEÇO
Durante a manhã desta quarta-feira, um dos fundadores da cooperativa,
Orlando Fogaça, 95, esteve no local acompanhando a mudança de prédio.
“Estou arrasado. Foram mais de 10 anos de dedicação à cooperativa”, desabafou.
Orlando Fogaça, natural de Tatuí, começou a trabalhar na Coopemar
como auxiliar administrativo. Mas ao longo dos anos seguintes ele passou
a fazer contato com os fazendeiros de Marília e região e conseguiu
adquirir mais de 3 mil associados. O prédio que hoje abriga a Coopemar
foi construído pelo filho de Orlando, o engenherio Cassiano Fogaça. Em
1983, após mais de 10 anos a frente da Cooperativa, Orlando passou a
presidência para François Regis Guillaumon, que permanece no cargo até
hoje.